KATAKLYSM
SHADOWS & DUST
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
SHADOWS & DUST
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
Lançado em 2002, “Shadows & Dust” marca um ponto de virada na trajetória do Kataklysm. Até então, muitos viam a banda canadense como uma promessa que oscilava entre o caos absoluto de seus primeiros discos e a busca por uma identidade mais definida. Com este álbum, no entanto, o grupo encontrou seu equilíbrio: brutalidade sem excessos, peso aliado à clareza e composições que soam tanto devastadoras quanto memoráveis.
Aqui tudo soa direto e com alma. Maurizio Iacono entrega uma performance vocal mais convincente, misturando seu gutural característico com rasgos que beiram o black metal, trazendo nuances sombrias ao disco. A produção, assinada por Jean-François Dagenais, evita exageros: os riffs soam cortantes e cheios de textura, a bateria carrega a assinatura do “hyperblast” sem soar artificial, e o baixo, mesmo discreto, sustenta o peso com firmeza.
O impacto das faixas é imediato. “In Shadows and Dust”, o hino que abre o disco, resume em poucos minutos o que o Kataklysm queria dizer ao mundo: velocidade, agressividade e refrões que grudam na mente mesmo dentro do caos. “Beyond Salvation” mantém a intensidade e mostra a veia mais grooveada do grupo sem perder a violência. “Bound in Chains” e “Illuminati” exploram atmosferas densas e riffs inspirados, enquanto “Where the Enemy Sleeps” e “Centuries (Beneath the Dark Waters)” ampliam a sensação épica, provando que o Kataklysm não dependia apenas da velocidade para ser letal.
Outro ponto forte é a temática: guerra, destruição e resistência atravessam as letras, reforçadas pelo encarte com imagens bélicas. Mas, ao contrário da caricatura encontrada em outros álbuns do gênero, aqui há equilíbrio — nada soa forçado.
O trabalho não apenas consolidou o Kataklysm como um dos pilares do death metal moderno, mas também serviu de porta de entrada para muitos fãs que buscavam algo além das repetições de clones do Morbid Angel ou do tecnicismo vazio que dominava parte da cena. O final apoteótico com a dupla “Years of Enlightenment - Decades in Darkness” e “Inside the Material Flesh” traz uma dose extra de urgência — um mergulho em meio ao caos impiedoso.
Em essência, este é o Kataklysm no auge da inspiração, escalando a montanha dos grandes nomes graças ao seu modo feroz, coeso e visceral de fazer música extrema. “Shadows & Dust” não pede licença — simplesmente atropela.
William Ribas
Nenhum comentário:
Postar um comentário